Ha Toráh/A Lei
Introdução
A Torá que D’us revelou a nossos antepassados, compreende a Torá Escrita – os cinco livros do Chumash – e a Torá Oral. Em suma, a lei básica está registrada na Torá Escrita e seus numerosos detalhes práticos, na Torá Oral.
Moréh .[A Bíblia é dividida em 3 partes, que se chamam Torá (Pentateuco), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos). Em hebraico, se chama Tanakh (lê-se kh=rr), segundo as iniciais hebraicas dos nomes das 3 partes. A Torá, chama-se também Humash (Pentateuco, em grego), que significa 5 tomos e é a base da vida judaica. Ela contém não somente a exposição das leis do povo de Israel, como também remonta à criação do mundo e à história da formação do povo de Israel.Os 5 volumes tomam seus nomes hebraicos de suas primeiras palavras:]
1. Bereshit (Gênesis) - conta a criação e a história do mundo até Abraão e a vida dos patriarcas (Abrão, Isaac e Jacó) até a chegada ao Egito.
2. Shemot (Êxodo) - relata a escravidão no Egito, a grande libertação e os mandamentos dados sobre o Monte Sinai.
3. Vaykrá (Levítico) - fala das regras concernentes aos levitas, aos sacerdotes, ao culto, ao Templo, às festas e aos deveres do homem para com Deus e para com o próximo.
4. Bamidbar (Números) - descreve a travessia do deserto até a chegada ao Jordão.
5. Devarim (Deuteronômio) - contém uma recapitulação e as últimas recomendações de Moisés.
Os Neviim
Os sofrim, continuando a obra de Esdras, puseram em ordem os demais livros sagrados, formando uma coletânea chamada Neviim (Profetas).Os primeiros livros narram a história do povo judeu desde a entrada em Canaã até o exílio.São eles: Iehoshua (Josué), Shoftim (Juízes),os 2 livros de Shmuel (Samuel) e os 2 livros de Mela’him (Reis). Estes são seguidos dos livros que contêm os discursos e profecias dos 3 maiores profetas:Isaías, Jeremias e Ezequiel (Ishaiahu, Irmiahu e Ie’hezkel) e de 12 profetas menores, Trei Assar(12): Hoshea, Yoel, Amos, Ovadiá, Yoná, Mi’há, Na’hum, Habacuc, Tsefoniá, ‘Hagái, Ze’haria e Mala’hi (Oséas, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéas, Nahum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).
Os Ketuvim
A terceira parte da Bíblia tem o nome de Ketuvim (Escritos) ou Hagiógrafos, em grego. Neles estão reunidos os Salmos (Tehilim), atribuídos, em, grande parte, ao rei Davi, os Provérbios (Mishlei) de Salomão, o Livro de Jó (Yov), as cinco Meguilot, o Livro de Daniel, os Livros de Esdras e Nehemias (Ezrá e Nehemiá) e as Crônicas (Divrei haYamim). As cinco Meguilot (Rolos), que são lidas em Pessah, Shavuot, Tishá beAv, Sucot e Purim, são, respectivamente: Cântico dos Cânticos (Shir haShirim), idílio campestre atribuído a Salomão e que é uma alegoria sobre o amor entre Deus e Israel; Livro de Rute, que conta a estória de uma camponesa do tempo dos juízes, bisavó do rei Davi; Lamentações de Jeremias (Ei’há), sobre a destruição do Templo; Eclesiastes (Kohelet), considerações do rei Salomão sobre a vaidade da vida; Livro de Ester.
A Mishná; que foi redigida por Rebi (Rabino Iehudá Há-Nassi {o príncipe}) e seus companheiros após a destruição do Segundo Templo, é o texto primário da Torá Oral, que fora transmitido até nós; enquanto que o Talmud contém seu comentário essencial, e principal elaboração da Mishná, intitulada: Guemará.
A Mishná consiste de seis Sedarim [ordens; sing; Seder], cada qual subdividido em Massech’tot [Tratados; sing; Massechet ou Massech’ta], os quais são subdivididos em Perakim [Capítulos; sing; Perek] os quais são subdivididos em Halachot [leis sing; Halachá] ou Mishnaiot [sing; Mishná].
A palavra משנה, Mishná; deriva da raiz שני, “sheni” – segundo; porque incorpora a Torá Oral, a qual é a “segunda” Torá revelada a Moshe; posto que a Torá Escrita foi revelada primeiro. Além disso, משנה, tem ligação com a raiz שנן que significa “ensinar, transmitir”; como em Devarim 6: 7 וְשִׁנַּנְתָּם לְבָנֶיךָ “…e as inculcarás a teus filhos…”.
[A Torá é dividida em 54 parashiot, que se lê no decurso de um ano, cada sábado de manhã. O ciclo da leitura começa e termina no dia de Sim’hat Torá. Hoje, nem todos podem ler o texto hebraico sem erros. Por isso um mestre leitor (Báal Korê), assistido, em caso de necessidade, por um “ponto” (Makrê), procede a leitura, com uma melopéia própria. Aos sábados, 7 judeus, maiores de 13 anos, são chamados à leitura da Torá. O 1º lugar é reservado a um Cohen, sacerdote;o 2º a ser chamado é um levita; os outros são judeus comuns. Em Iom Kipur, são 6 os judeus chamados à Torá; nas grandes festas, 5; no começo do mês e nas semi-festas,4; nas segundas e quintas, dias de jejum e sábados à tarde,3:Cohen, Levi e “Israel”.]
As seis ordens da Mishná são: זרעים , Zeraim [“sementes”, tratando das leis que governam a agricultura {a princípio, na Terra de Israel}]; מועד Moed [“tempos específicos”, tratando das leis de Shabat e Festividades]; נשים Nashim [“mulheres”, tratando das leis de casamento, divórcio, viuvez, estado civil e temas relacionados]; נזיקין , Nezikin [“Danos”, tratando de prejuízos e leis monetárias em geral]; קדשים , Kodashim [“santidades”, tratando sobre o Templo e as leis das Ofertas]; e טהרות ,Taharot [“purezas”, tratando das leis de “tumá” e “tahará” {o status legal de “pureza” em “impureza”}]
A Guemará em Shabat (31ª) expõe de forma homilética, o trecho de Ieshaiáhu 33: 6 indicando uma alusão às seis ordens da Mishná. O verso expressa: וְהָיָה אֱמוּנַת עִתֶּיךָ, חֹסֶן יְשׁוּעֹת חָכְמַת וָדָעַת; יִרְאַת יְהוָה, הִיא אוֹצָרוֹ
“E o conhecimento e temor do Eterno, que são seu tesouro, lhe trarão um tempo de estabilidade, a sabedoria e a fortaleza necessárias à sua salvação”.
אֱמוּנַת Emunát – {literalmente} Fidelidade, alude à ordem de Zeraim; cujas leis dependem da integridade do agricultor ao separar os dízimos exigidos. Além disso, diferente de outras ocupações, cujo sucesso geralmente induz à arrogância e sensação de auto-suficiência, a agricultura desenvolve a fé em D’us, em quem o agricultor põe suas esperanças para que todo o necessário lhe seja providenciado para a plantação crescer. עִתֶּיךָ íteichá – {literalmente} Seus Tempos, alude à ordem de Moed; חֹסֶן Hossen {literalmente} a força, refere-se a Ordem de Nashim; יְשׁוּעֹת Ieshuot [literalmente} salvações, refere-se a Ordem de Nezikin; חָכְמַת Hoch’mat {literalmente} sabedoria de..; refere-se a Ordem de Kodashim, e וָדָעַת Va-Daát {literalmente} e o conhecimento, refere-se a Ordem de Taharot. E como o verso conclui, mesmo acima do estudo da Torá está o “temor do Eterno” que é o tesouro do homem.
De forma muito apropriada, Zeraim é a Ordem primordial da Mishná, porque a agricultura é a base de todo sustento, e nenhum serviço à D’us [que é a essência de toda a Torá Escrita e Oral] seria possível sem sustento físico.
Os subseqüentes tratados desta Ordem são: Peah (tratando das porções da lavoura que devem ser deixadas para o pobre); Demai (tratando do procedimento com a produção que ainda não teve o dízimo separado); Kilaim (tratando das misturas proibidas); Sheviít (tratando das leis sobre o ano de Shemitá); Terumot (tratando com as porções da lavoura que o agricultor deve dar ao Kohen {sacerdote}); Maáss’rot (tratando com as regras gerais de dízimos da lavoura e terumá); Maasser Sheni (tratando com o “segundo dízimo”, que o agricultor deve comer em Jerusalém); Chalá (tratando da porção de massa de pão que a pessoa deve dar ao Kohen); Orlá (tratando das leis relacionadas aos frutos dos primeiros anos); e Bikurim (tratando dos primeiros frutos que o agricultor traz ao Templo).
[A primeira preocupação de Esdras foi reunir os Livros Sagrados escritos até então, para copiá-los e difundi-los. Estes livros formaram a coletânea que se chamou mais tarde Mikrá, quer dizer, texto lido. Mais tarde, quando Israel caiu sob o domínio dos gregos e o grego tornou-se língua oficial de todos os países do Oriente, foram também traduzidos para o grego e difundidos sob o nome de Bíblia, que significa “livros”.]